Filosofia de botequim é uma coisa divertida - desde que saibamos bem quais são os limites. Ninguém deve tomar gato por lebre: o que se fala numa mesa de bar, fala-se por falar. O ritual se satisfaz em si mesmo, e nada ali deve ser levado a sério.
Mas as recomendações do bom-senso são difíceis de seguir. Principalmente aqui em Burundi, onde o que vale mesmo é o botequim.
Pois não é que se fundou uma nova associação de filosofia e psicanálise sem nenhum filósofo qualificado
? Não quero ser tão injusto: há filósofos qualificados ali, sim, com graduação em faculdades arquidiocesanas. Arquidiocesanas
? É, mas o MEC autorizou por enquanto. Vejam vocês mesmo em
http://www.abrafp.org/Mas imaginem: se uns caras como esses podem cobrar 60 reais por mês, quanto deveriam cobrar os que se qualificaram com doutorado (no mínimo) nas melhores universidades daqui ou de fora
? E agora, pasmem: os mais qualificados não cobram nada!
Como se não fossem suficientes as parvoíces de
Slavojs Zizeks de tudo quanto é tipo por aí, temos uma estupidez ainda mais profunda. Como disse Bernardo Soares, "o que mais me maravilha não é a estupidez com que a maioria dos homens vive a sua vida, mas a inteligência que há nessa estupidez".
Em matéria de filosofia e psicanálise (quero dizer "filosofia da psicanálise"), toda estupidez é perfeitamente possível. Ela é, como a própria vida, desprovida de método de decisão. Só contamos com
a decisão.
Em psicanálise é o que basta.
Mas em filosofia, não. Filosofia, em geral, tem método. O método, ou a sua falta, é ela mesma. E, assim, conversa de botequim.
7 comentários:
João, adorei! Você está cada vez mais genial...palavra de filósofo de botequim!!!
Um abraço,
Rodrigo
João, adorei! Você está cada vez mais genial...palavra de filósofo de botequim!!!
Um abraço,
Rodrigo
Um texto leve, com senso de humor.
Muito agradável, aproveitei para buscar entender Slavojs Zizeks e sua visão frente ao Capitalismo e outros temas. Percebe-se que esta história de Botequim sugere muitos assuntos.
Parabéns.
Obrigado, Raquel.
Abç,
jj.
Caro João, boas palavras.
Mas o problema meu caro é que fazem anos que algumas pessoas tentam tirar alguma positividade da filosofia, principalmente os "bicôes". Por algum tempo surgiu uma onda de Filosofia Clínica que um conterrâneo meu inventou. Bem, não sei com a coisa anda, mas já não se ouve falar com tanta ênfase.
Já o caso da filosofia da psicanálise é mais complicada devido à própria psicanálise, a mim parece. No tempo que me submeti à psicanálise não conseguiu compreender muito bem tudo que se passava. Foi só quando aprendi o método que fui me dar conta que as explicações eram devidas ao método, que o tempo era marcado etc, etc, Ou seja, parace que tem de existir um "feeling" do analista para se pronunciar "por hoje é suficiente". Ora, este "feeling" não sei se pode ser ensinado.
Sempre tive "uma certa desconfiança com a psicanálise devido a motivos religiosos. Quero dizer, não consegui compreender bem ainda por qual razão, por exemplo, eu deixar de odiar meu irmão por ser uma ofensa a Deus, deve ser tão menos que resolver meu complexo de inferioridade para com meu irmão. Se é que me entende. Ora, qual a grande vantagem do discurso psicanalítico frente ao discurso religiosos? Sinceramente vejo pouca diferença. Esta diferença aumenta de eu for ateu, pois neste caso Deus é umam hipótese morta. Mas, por outro lado, o apelo do discurso religioso pode gerar uma fanático, afinal o que Deus não pode. Bem eu desviei o tema.
Já tentaram retirar positividades da filosofia de várias formas, em última instância isto começa coma formação de sacerdotes, pois eles creêm que a filosofia ajudará a compreender a transubstanciação ou o nascimento virginal. Não creio. Entretato, minhas crenças e descrenças em nada mudam o mundo.
Bom seu texto e momentosa a informação. Creio que a próxima "sacada" - e já tem um sujeito no Paraná embarcando nesta onda - é fazer workshop para empresários.
O ser humano não tem limites.
Abraço
Caro João.
Desculpe a quantidade de erros de digitação. Escrevo com muita pressa
Abraço
Arturo
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