domingo, 15 de junho de 2008

A Relevância das "Observações Sobre O Ramo de Ouro"




As Observações Sobre O Ramo de Ouro de Frazer, conjunto de textos escritos por Wittgenstein em 1931 e em 1936, se revestem de um enorme interesse não só para o estudioso da obra e do pensamento do filósofo vienense.

Para a antropologia, por exemplo, pode-se ressaltar características muito importantes (desde que se mantenha em foco a perspectiva de que um trabalho filosófico prescinde de pesquisa empírica – embora não seja independente do empírico, a relação é, precisamente, a contrária). Desse ponto de vista, vislumbra-se: (a) um certo pioneirismo; isto é, se as críticas de Wittgenstein não são exatamente inaugurais, posto que a antropologia de gabinete feita por Frazer já era alvo de uma certa zombaria nas revistas britânicas de antropologia na primeira década do século XX, a sua relevância surge quando lembramos que ainda em 1927, cinco anos depois de publicado Os Argonautas do Pacífico Ocidental, Malinowski dizia que não se sentia preparado para abandonar o evolucionismo. Acrescente-se a isso, (b) o fato de que o filósofo teceu suas reflexões de modo completamente independente, sem conhecer o trabalho de nenhum outro antropólogo. E, precisamente por esse motivo, é notável (c) que as suas idéias tenham ido muito mais além do que as críticas da época, funcionalistas ou não, puderam fazê-lo.

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