terça-feira, 4 de novembro de 2008

Na Arte é Difícil Dizer Algo Tão Bom Quanto: Nada Dizer (Wittgenstein, MS 156a, pp. 53r-57r)

Para esclarecer um pouco o contexto da citação acima, que comento no post abaixo, permiti-me fazer uma canhestra tradução. Ela esclarece muitas coisas sobre o gramatical e a visão do estético em Wittgenstein.

Depois comento um pouco mais.

Aí vai a tradução - o original junto para que o leitor sugira correções.

Na Arte é Difícil Dizer Algo Tão Bom Quanto: Nada Dizer.
                            (MS 156a, pp. 53r-57r. Pocket Notebook, c. 1932-1934.)
Ludwig Wittgenstein




            Schafft der Künstler nur etwas ihm Angenehmes hervorzubringen um etwas zu machen was ihm gefällt?!

            Dieses Gesicht ist dumm ist keine Aussage über eine Erscheinung (eine Empfindung) die dieses Gesicht hervorruft.

            Wenn ich nun von einer Skulptur sagte: “dieses Gesicht hat einen zu dummen

             O artista só cria algo que lhe seja
agradável para engendrar algo para fazer o
que gosta?!
           
            Este rosto é imbecil não é um enunciado sobre uma aparência (uma sensação) que esse rosto provoca.

            Se eu dissesse sobre uma escultura: “Este rosto tem uma expressão tão

[MS 156a, p. 53r]


[MS 156a, p. 53r]


Ausdruck”; was bedeutet das “zu”. Zu dumm wofür? Um mir Freude zu machen?

            Oder auch: Was ist es das schließlich für sich selbst sprechen muß?
            Heißt “so wollte ich's”: so ist es mir angenehm??
            Denken wir an den aesthetischen Unterricht der dadurch gegeben würde daß man einem die Skitze eines Meisters

imbecil”; o que significa o “tão”. Tão imbecil para quê? Para me fazer graça?

            Ou então: o que é que ali, finalmente, tem que falar por si mesmo?
            “Eu quis isso assim” significa: isso me agrada assim??

            Imaginemos que fosse dada uma aula de estética em que se mostra um dos esboços de um mestre

[MS 156a, p. 53v]


[MS 156a, p. 53v]


zeigt & wie er sie dann verändert hat.
            Was ist das für ein Satz: “Das muß in diesem Tempo gespielt werden”.
            Oder: das Thema ..… «(9te Symph.)» gehört nicht geheimnisvoll sondern klar & es hat seine Größe durch seine Klarheit. Was sind die Gründe, & was spricht für sich selbst? Und was heißt: “ja jetzt verstehe ich's; so muß es sein!”
            So weit die Aesthetik

& como depois ele o modificou.
            Que tipo de proposição é: “Isto tem que ser tocado neste tempo”.
            Ou: o tema ..... «(9a Sinf.)» não tem um modo totalmente misterioso, mas claro & a sua grandeza se dá pela claridade. Quais são as razões &  o que fala por si mesmo? E o que significa: “ah, agora eu entendi; então tem que ser assim!”
            Até onde a estética

[MS 156a, p. 54r]


[MS 156a, p. 54r]


interessiert ist.

            Naturgeschichte des Menschen, nicht Psychologie.

            Was ist eine Begründung eines Zuges einer Kunst? Wird es z.B., eines Musikstückes?



            Die aesthetische Kritik eines Kunstwerkes lenkt unsere Aufmerksamkeit auf gewisse Züge. Indem sie das

está interessada.

            História natural da humanidade, n
ão psicologia.

            O que é uma fundamentação de uma peculiaridade de uma arte? Se fosse, por exemplo, de uma composição musical?

            A crítica estética de uma obra de arte dirige a nossa atenção para certas peculiaridades. Na medida em que

[MS 156a, p. 54v]


[MS 156a, p. 54v]


Werk mit anderen zusammenstellt, beschreibt mit andern Vorgängen vergleicht etc. etc. sie sagt etwa: gib auf diese Klimax acht etc.

            Hier verwechselt man wieder leicht Grund & Ursache.

            Wenn man einen Komponisten gefragt hätte: warum schreibst Du in der Form der Fuge etc.?
Oder: warum befolgst

ela reúne a obra com outras, descreve com outros processos compara etc. etc. ela diz talvez: preste atenção neste clímax etc.

            Aqui novamente se confunde facilmente razão & causa.

            Se houvéssemos perguntado a um compositor:  por que você escreveu na forma de uma fuga etc.?
Ou: por que você seguiu

[MS 156a, p. 55r]


[MS 156a, p. 55r]


Du diese Regeln der Fuge?

            Die Aesthetik lehrt uns wesentlich ein System kennen. Sie lehrt uns ein System sehen.

            Daß uns ihre letzten Gründe am Schluß “ansprechen” müssen, damit hat sie, sozusagen, nichts zu tun. Und sie beschreibt auch nicht diesen Zustand, oder vielmehr diese vielen Zustände des seelischen Gleichge-

essas regras da fuga?

            A estética nos ensina essencialmente a reconhecer um sistema. Ela nos ensina a ver um sistema.

            Que as suas últimas razões tenham que, em conclusão, nos “dirigir a palavra”, não tem nada a ver com ela, por assim dizer. E ela tampouco descreve essa condição, ou antes essas várias condições do equilíbrio          

[MS 156a, p. 55v]


[MS 156a, p. 55v]


wichts. Sie ist sozusagen axiomatisch.

            Vergleiche hin die Bedeutungen von “gleich wahrscheinlich” und “ästhetische befriedigend”.

            Wäre sie Psychologie so wäre ihr die Systematik nicht wesentlich.

            Verstehen der Kirchentonarten. Verstehen einer chinesischen Darstellung.
            Kann eine Ursache

psíquico. Ela é, por assim dizer, axiomática.

            Compare ali os significados de “mesma probabilidade” e “satisfação estética”.

            Se ela fosse psicologia então o sistemático não lhe seria essencial.

            Compreender as músicas modais. Compreender uma grafia chinesa.

            Pode uma causa

[MS 156a, p. 56r]


[MS 156a, p. 56r]


durch Introspektion festgestellt werden??

            Psychoanalyse. Denke daran daß das Resultat der Analyse die Anerkennung des Analysierten verlangt!

            Warum ist Freuds Bedeutung als Psychologe an seinen Stil gebunden.

            Die Aesthetik sucht Gründe auf, nicht Ursachen.

            Goethe, warum er

ser estabelecida por introspecção??

            Psicanálise. Considere que o resultado da análise exige o reconhecimento do analisando!


            Por que o significado de Freud como psicólogo está ligado ao seu estilo.

            A estética procura por razões, não causas.


            Goethe, por que ele

[MS 156a, p. 56v]


[MS 156a, p. 56v]


das Experiment «in der Farbenlehre» zurückwies. Vergleiche unser Gefühl über das Psychologische Experiment. Es teilt uns nicht das mit was uns interessiert. Es ist «natürlich» nicht wahr daß er uns nichts mitteilt.

            In der Kunst ist es schwer etwas zu sagen, was so gut ist wie: nichts zu sagen.

rejeita o experimento «na Teoria das Cores». Compare com o nosso sentimento sobre o experimento psicológico. Não nos comunica o que nos interessa. «Naturalmente», não é verdade que ele nada nos comunica.

            Na arte é difícil dizer algo que seja tão bom quanto: nada dizer.

[MS 156a, p. 57r]


[MS 156a, p. 57r]



            Tradução de João José R. L. de Almeida



4 comentários:

Arturo Fatturi disse...

Parabéns João.

Ótimo post.

Abraço

Decolonizing Wittgenstein disse...

Danke schöen!

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.