sábado, 26 de julho de 2008

Nome Próprio, de Murilo Salles


Camila tem um excesso que nela não se contém.
Isso que na psicanálise chama-se precisamente isso.
Ela busca em vão, enquanto escreve, um amor que a estabilize,
para escrever em paz.
Porque escrever é mais importante que a morte.
Mas a sua ilusão se desfaz com sofrimento atroz.
Essa é a história do filme, esse é o aprendizado,
esse é o percurso desse texto.
Ela encontra, na própria escrita, no que já era
ela mesma, a maneira de se duplicar.
A escrita não é um espelho, apesar do que se possa imaginar.
A escrita serve como suporte para o sentido; senão, o caos.
Isso se aprende: a escrita tange o surto.
Como o cine, como a ética,
como tornar-se o que já se é.
Sem desvios, sem delongas, sem mentiras: sem disfarce.
Camila lembra Priscila,
mas para esta falta a escrita.

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